quarta-feira, 8 de julho de 2015

A terra antiga e jovem





Por Gilberto Ferreira Lima  

         
Por muitos anos, a teologia foi a “rainha das ciências”. Era a fonte máxima de¹ autoridade no ocidente, e os ensinos da bíblia e da igreja eram o padrão pelos quais eram julgadas as supostas verdades. No período moderno, porém, o crescimento da ciência produziu atrito entre a teologia e a ciência. Os cristãos que acreditavam plenamente na inspiração e autoridade da bíblia e acreditavam que Deus criou o mundo, dando-lhe ordem e significado, tinham um desejo natural de ver a teologia e a ciência interligadas, já que ambas derivam de Deus e apontam para ele. Em lugar disso, houve ocasiões em que se deflagraram conflitos abertos e violentos. Nas primeiras fases, a teologia discutia principalmente com ciência natural; mais tarde, as ciências do comportamento passaram a representar maior problema.


A tese tanto da “terra antiga” quanto² da “terra jovem” são opções válidas para os cristãos que creem na bíblia.

Deixo algumas considerações destas duas teorias; há alguns pontos na vida que não podemos ser dogmáticos e quando se trata de assuntos teológicos, como escatologia, angeologia e criação, por exemplo, são assuntos que não passam de especulações visto que não foram totalmente reveladas a nós, mais há, outros assuntos teológicos que gosto de ser dogmático, acerca da doutrina da soteriologia, e nesta linha adoto o ensino de Calvino.

Mas se tratando dos dias que antecederam ao diluvio, fica muito difícil cravar algum palpite permanente.

Mas se tratando dos que creem na teoria da terra antiga e da terra jovem não vai ser fácil, pois, passa muito pelo campo da especulação nos deixando duvidas em algum ponto.
Mais será que os dias da criação foram de 24 hs?

Para os que acreditam² na teoria da terra antiga, Gn 1 são “eras” extremamente longas. A vantagem evidente dessa concepção é que, se está correta a atual estimativa cientifica de uma idade de 4.5 bilhões de anos para a terra, ela se explica porque a bíblia se revela coerente com esse fato. Entre os evangélicos que defendem a tese da terra antiga, essa é uma posição comum. Essa tese é as vezes chamada “concordante”, pois busca acordo ou “concordância” entre a bíblia e as conclusões cientificas sobre a datação.

Com frequência, os que¹ sustentam que a terra é relativamente jovem questionam a validade dos métodos científicos de datação, especialmente os que usam materiais radioativos.
Faço coro com o Dr. Adauto Lourenço, que acredita nos dias literais de Gênesis. Dizer que Deus fez a criação e demorou milhões de ano, porque na medida que ia criando, não estava no formato correto, e por isso demorou tanto anos até que chegasse a perfeição como vemos hoje é limitar o poder do altíssimo, e se assim creio, então descaracterizo toda a bíblia que diz que Deus é poderoso e que tudo criou com o poder de sua palavra. Mediante a palavra do Senhor foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca. (Sl 33.6) Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo surgiu. (Sl 33.9) Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. (Hb 11.3)

Quanto a isso sou muito conservador e acredito como na maioria dos pais da igreja nos dias literais. Claro que na época dos pais da igreja muitos já não acreditavam em dias literais por causa de correntes filosóficas.

Partindo do ponto de vista do observador e neste caso Moisés, o escritor de Genesis, e logo que passa a lei para os Israelitas, ele diz que seis dias trabalharás e no sétimo dia descansarás. (Ex 23.12) Exatamente do mesmo jeito de Deus.

Creio na teoria da “terra jovem madura” e não quero ser dogmático com respeito a isto, pois o mesmo, quando o homem foi formado no sexto dia ele pôs nome nos animais e provavelmente em dia de 24 hs não daria tempo de sentir falta de uma companheira para que se formasse um casal, uma vez que estava muito ocupado. Exceto se Adão tivesse algum poder em que fizesse tudo isso em um dia, como alguns criam na antiguidade, e sobrasse tempo no dia para que sentisse falta de uma companheira.

 Considere as palavras de Charles Haddon Spurgeon em 1877:

"Irmãos, somos seriamente desafiados a deixar as crenças antigas dos nossos grandes pais por causa das supostas descobertas da ciência. O que é a ciência? O método pelo qual o homem tenta esconder a sua ignorância. Não deveria ser assim, mas é. Meus irmãos, não é suposto vocês serem dogmáticos em teologia, pois isso é perigoso; mas para os cientistas, isso é o que está correto. Nunca devereis afirmar muito fortemente as vossas convicções; mas os cientistas podem afirmar ousadamente aquilo que não podem provar, e podem exigir uma fé muito mais crédula do que alguma que tenhamos. Na verdade, é suposto que nós tomemos as nossas Bíblias e formemos e moldemos as nossas crenças de acordo com os ensinamentos, sempre em mudança, do chamado homem científico. Que loucura! Porque é que a falsamente chamada marcha da ciência através do mundo pode ser traçada por falácias desacreditadas e teorias abandonadas? Exploradores anteriores, antes adorados são agora ridicularizados; o constante abandono de hipóteses falsas é uma matéria do conhecimento geral. Podes descobrir onde é que o aprendiz está pelos destroços deixados para trás de suposições e teorias tão cheios como garrafas partidas."
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Aqueles que usam a ciência histórica (como é proposto por pessoas que ignoram a revelação escrita de Deus) para interpretar a Bíblia e para nos ensinar coisas acerca de Deus, estão a inverter a ordem das coisas. Porque somos criaturas falíveis e pecadoras, precisamos da Palavra escrita de Deus, iluminada pelo Espírito Santo, para entendermos adequadamente a história natural. 

E também do Dr. Adauto Lourenço em uma de suas palestras que disse; “A ciência deve ser questionada, quando a ciência deixa de ser questionada passa ser dogmática, sendo dogmática ela deixa de ser ciência e passa ser religião.


Em Cristo, a paz!
                                   








  ¹ Introdução à teologia sistemática de Millard J. Erickson
² Teologia sistemática de Wayne Grudem