quinta-feira, 22 de outubro de 2020



Motivos para congregar

Foto de uma catacumba, onde os cristãos se reuniam pra fazer culto

      Por Gilberto F.L

      É muito comum no meio cristão  ver pessoas que não estão  querendo congregar em uma igreja, alguns dizem que a igreja está em todo lugar, e que o homem é o templo do Espírito Santo, quanto a isso é verdade, mas o grande problema, que muitos estão usando  disso para virar desigrejado,  existe um número muito grande dessa “denominação” no Brasil, e a tendência  que este número aumente cada vez mais. 

       Ainda mais nesse período  virtual em que vivemos, onde as igrejas tem feito de tudo pra não perder seus membros, muitas igrejas tem levado o culto para os lares através de plataformas digitais, isso é bom, existe pessoas que por algum motivo não podem ir à igreja física. Mas claramente há um distanciamento da igreja física, uma dispersão de membros, com isso muitas vezes o membro não consegue se organizar virtualmente, ficando distante da igreja e perto do pecado, se entretendo com coisas supérfluas, ficando suscetível aos labirintos do abismo.

        O que aprendemos sobre congregar?

        O autor de Hebreus capítulo 10. 25 diz; “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns: Antes, façamos admoestações e tanto mais vezes que o Dia se aproxima”.

         Devemos atentar que no tempo da carta aos hebreus já havia perseguição aos cristãos, a carta foi escrita antes de 70 D. Cristo e antes da destruição do templo pelo general Tito, era muito comum os irmãos na época se reunir em casas, cavernas e até mesmo em catacumbas, e por medo, talvez alguns deixavam de congregar.

         Mas nos nossos dias a igreja está acomodada e apática, deixando de reunir por causa da paz que relativamente o cristianismo goza.

         “Desde o principio, a igreja cristã costumava reunir-se no primeiro dia da semana para o “partir do pão”. A razão pela qual o culto ocorria no primeiro dia da semana, era  que nesse dia se comemorava a ressurreição de Senhor...a partir de então, e por quase toda história da igreja, a comunhão tem sido o centro do culto cristão”. 

        “O tom característico do culto era a alegria e gratidão,  a comunhão era celebrada com refeição, cada qual trazia o que podia, e depois da refeição em comum, celebravam orações sobre o pão e vinho. No começo do século II, entretanto devido as perseguições e calúnias que circulavam acerca das “festas do amor" dos cristãos, começou a celebrar-se a comunhão sem a refeição comum. Mas sempre se manteve o espírito de celebração dos primeiros anos”.

          “A partir do século II, o culto de comunhão constava de duas partes. Na primeira liam-se e comentavam-se as escrituras,  faziam-se orações e cantavam-se hinos”. (História ilustrada do cristianismo, a era dos mártires até a era dos sonhos frustrados, Justo González, pg. 96, 97)

          Nessa época para participar do culto era preciso ser batizado (talvez com medo que algum perseguidor estivesse infiltrado no culto), mais tarde os não batizados podiam participar do culto, menos da ceia. 

         Devido a entrada de muitos gentios no cristianismo foi necessário um período de preparo antes da ministração do batismo, esse período recebeu o nome de “catecumenato". Durante três anos o catecúmeno recebia instruções acerca da doutrina cristã, e  tratava de dar mostras em sua vida diária da firmeza de sua fé. Antes de ser batizados eram examinados.

       Como podemos ver a igreja é um organismo vivo, que funciona através de seus membros. 

      Um dos templos mais antigo conservado é o de Dura-europos, construído antes de 256, parece ter sido uma casa particular convertida em igreja.

       Alguns desses grupos de desigrejados  diz que antigamente nem tinha igreja, as pessoas se reuniam em casa, isso também é verdade, mais na medida que crescia o números de cristãos foi necessário construir espaços maiores, daí toda liturgia da igreja. Mas o conceito templo já vem desde os tempos dos apóstolos , que ensinava nas sinagogas aos sábado por onde passavam, sinagogas eram pequenas igrejas onde era ensinado a lei, essas sinagogas se espalharam na medida que os judeus foram dispersos pelo mundo depois do cativeiro babilônico, na verdade a sinagoga foi um preparo para que o evangelho fosse anunciado  e o primeiro a anunciar esse evangelho em uma sinagoga foi o próprio Cristo. (Lucas 4.16)

       Assim como Deus preparou a história pra vinda do messias, Ele ainda prepara a história através de sua igreja esperando a segunda vinda de Cristo, congregar é preciso, exortando e admoestando na palavra, até que se cumpra os tempos do fim.


sábado, 17 de outubro de 2020

Reforma





Por Gilberto lima



"Alguns historiadores católicos romanos entendem-na apenas como uma revolta de protestantes contra a igreja universal. O historiador protestante considera-se como uma reforma que fez a vida religiosa voltar aos padrões do Novo Testamento. O historiador secular interpreta-a como um movimento revolucionário”. (O cristianismo através do século, Earle E. Cairns  pg. 250.)


  A reforma protestante tinha um sentido, de voltar a época da igreja primitiva, voltar a essência dos apóstolos, cada historiador dependendo da sua cosmovisão  ver sempre de um ângulo que bem lhe favorece.


  Alguns historiadores católicos enxergam uma rebeldia por parte dos reformadores, fato é foram inúmeras tentativas de reformar a igreja universal e não fundar outra religião, os problemas da igreja católica que mais tarde foi acrescentada a palavra “romana", ficando igreja católica apostólica romana, já vinham desde os séculos II e III, quando os cristãos começaram a aceitar o legado cultural de cada província, não somente isso, mas regado também a filosofia. Alguns bispos da época não viram problemas, por exemplo na filosofia neoplatonista se juntar com a filosofia do cristianismo, não que Platão estivesse errado na maioria das vezes, ele teve sua contribuição, até mesmo que existia vida depois da morte, muito parecido com a crença do cristianismo, alguns bispos defendendo a fé cristã atacaram seus adversários dizendo que cristianismo e filosofia caminhavam bem, mas devemos de ter cuidado porque não é todo pensamento filosófico que é o mesmo.


  Regado a isso tudo veio o misticismo e o sincretismo mesmo antes do imperador Constantino. O famoso bispo de Hipona, Agostinho se baseou muito na filosofia de alguns gregos, resultado disso tudo foi um tratado que ele deixou pra igreja, resultado  que mais tarde o monge Martinho Lutero baseou sua teologia nos escritos de Agostinho, o que resultou  na reforma protestante.


  Existem visões diferentes entre historiadores, nós como protestantes sabemos que a política da época se aproveitou da revolta luterana contra a corrupção da igreja, e também o povo que pagava impostos a Roma e ao governo das províncias, também se aproveitaram do momento, vendo a reforma com bons olhos.


  Para o historiador secular foi uma revolução, e  foi mesmo, a igreja tinha o domínio da ciência entre aspas, mas não dava liberdade que se buscasse outros caminhos, foi a época do teocentrismo, mas até que ponto chegava o teocentrismo? Na verdade era um teocentrismo falso, feito no dogmatismo da igreja, que não passava de um teocentrismo religioso e sufocante. O movimento iluminista trouxe o homem para o centro, com isso a reforma protestante ajudou na liberdade de se buscar conhecimento fora da caixinha, voltando aos escritos originais, surgiram muitos pensadores, abriu se o caminho para uma nova era, claro que isso custou vidas, mas não deixou de ser um ato revolucionário!

A contribuição protestante afetou o mundo, fato que a igreja católica teve que se reformar também em um movimento chamado “contra-reforma”. Seja católicos ou protestantes encontraram erros em suas teologias, existem muitas coisas  que precisam mudar no meio de ambas, mas se o mundo hoje se tornou um pouco melhor foi pela contribuição do cristianismo revelando discípulos do evangelho, para o bem de qualquer governante. 


  O lema da reforma protestante é “sempre reformando" nunca sairá de cena, pois pra pregar o evangelho devemos usar o escudo da fé, assim como Paulo e os demais apóstolos em suas cartas sempre se defendiam dos ataques pagãos, assim nós cristãos católicos e protestantes sempre teremos que ser verdadeiros apologistas  na defesa da fé, se preciso for perder a vida pelo evangelho e achar outra no descanso de Deus. (Mateus 16.25)



  O erro nunca se apresenta em toda sua crueza, a fim de não ser descoberto. Antes, veste-se elegantemente, para que os incautos creiam que é mais verdadeiro do que a própria verdade. (Ireneu de Lião)