Irineu de Lyon e o gnosticismo
Irineu de lyon |
"Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua
filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita,
corporalmente, toda a plenitude da divindade”. (Paulo de Tarso, colossenses
2.8,9).
Ireneu, nascido em Esmirna, fora¹ influenciado pela
pregação de Policarpo quando este era bispo em Esmirna. Depois de um tempo foi
morar na Gália, onde foi feito bispo antes de 180. Bispo missionário bem-
sucedido, sua obra maior se desenvolveu no campo da literatura polêmica contra
os gnósticos.
A igreja nesta época enfrentava muitos ataques de ambos
os lados, mas, um grupo chamou mais atenção por suas heresias, eram os
gnósticos. Havia vários mestres gnósticos e todos com pensamentos distintos,
mas uma coisa em comum diziam ter recebido (gnosis) conhecimento do próprio
Cristo e dos apóstolos.
De todas as diversas interpretações² do cristianismo que
apareceram no século II nenhuma esteve tão perto de triunfar, como o
gnosticismo. Foi um movimento que surgiu dentro e fora do cristianismo. O termo
“gnosticismo” vem da palavra grega “gnosis” que quer dizer “conhecimento”.
O movimento gnóstico criam² que tudo que fosse matéria
era necessariamente mau. O ser humano, segundo eles, é um espirito eterno que,
de algum modo, ficou encarcerado neste corpo. Já que o corpo é o cárcere do
espirito, e oculta a nossa verdadeira natureza, o corpo é mau. O propósito
último dos gnósticos é, então, escapar deste corpo e deste mundo material da
qual estamos exilados.
Diziam eles; já que este mundo ²foi criado por um ser
espiritual, ficaram nele algumas “centelhas” ou “faíscas” do espirito. Estes
elementos espirituais são os que estão encerrados dentro dos corpos humanos, e
que é necessário libertar. A fim de chegar a essa libertação, é necessário que
venha um mensageiro do reino espiritual. A função desse mensageiro consiste
antes de tudo despertar-nos de nosso “sono”.
É necessário que alguém vem de fora para nos despertar e
nos recordar quem somos e assim lutarmos contra o encarceramento do corpo. Este
mensageiro então nos dará a “gnosis” que estava em oculto para nossa
libertação.
No gnosticismo cristão, o mensageiro² é Cristo, e também
os apóstolos, que trazem revelações que estavam em oculto. Já que Cristo era um
mensageiro celestial, e já que o corpo e a matéria são maus, a maioria dos
gnósticos cristãos pensavam que Cristo não podia ter tido um corpo como o
nosso. Alguns diziam que seu corpo era pura aparência, uma espécie de fantasma
que parecia ter corpo físico por meios milagrosos. Outros diziam que tinha
corpo, mas que este corpo foi feito de uma “matéria espiritual” distinta do
nosso corpo. A maioria negavam o nascimento de Jesus, pois tão nascimento o
havia colocado sob o poder deste mundo material. Estas doutrina acerca do
salvador recebem o nome de “docetismo” de uma palavra grega que quer dizer
“aparentar”.
Ireneu começa a ficar em evidencia refutando os falsos
ensinos gnosticos.
Muito
pouco se conhece sobre a vida de Ireneu. Ele aparece pela primeira vez
nos documentos antigos como o portador de uma carta dos confessores de Lyon
para a Igreja de Roma (bispo Eleutério, c.174-189), na época da perseguição do
ano 177. Esta carta pedia tolerância para os montanistas da Ásia
Menor. Em uma carta pessoal preservada por Eusébio de Cesaréia (Hist.
eccl. 5,20,4-8), Ireneu conta que tinha vívidas lembranças de Policarpo, o
bispo de Esmirna, que fora discípulo do apóstolo João. Isto era altamente
significativo para Ireneu, uma vez que Policarpo o colocava em contato com a
era apostólica. Ireneu nasceu entre os anos 120 e 140 na Ásia Menor,
provavelmente em Esmirna, onde ainda menino conheceu Policarpo, que foi
martirizado aos 86 anos de idade no ano 155.
Não se sabe o dia de sua
morte, mais uma coisa é certa ele contribuiu para o cristianismo, quando
refutou os perigosos ensinos gnósticos.
A obra maior de Ireneu
chama-se “contra as heresias” (Adversus haereses) um conjunto de cinco livros,
que era também a maior obra da época. Foi achado um tratado apologético em 1904
na versão armênia e publicado pela primeira vez em 1907. Há também outros
escritos que foram preservados por Eusébio de Cesaréia, mas não passam de
fragmentos ou somente títulos.
Deixo aqui um versículo de I
João 4.2 que diz; Nisto conhecereis o espirito de Deus: todo espirito que
confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;
João prossegue dizendo que
quem é de Deus vence os falsos profetas e estes falsos profetas falam da parte
do mundo, portanto o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a
Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos
o espirito da verdade e o espirito do erro.
Graça e paz!
² Historia ilustrada do cristianismo (Justo González)
³ Instituto Mackenzie (site)