domingo, 8 de março de 2015

                     Irineu de Lyon e o gnosticismo 






Irineu de lyon


Por Gilberto Ferreira Lima



 "Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da divindade”. (Paulo de Tarso, colossenses 2.8,9).

Ireneu, nascido em Esmirna, fora¹ influenciado pela pregação de Policarpo quando este era bispo em Esmirna. Depois de um tempo foi morar na Gália, onde foi feito bispo antes de 180. Bispo missionário bem- sucedido, sua obra maior se desenvolveu no campo da literatura polêmica contra os gnósticos.

A igreja nesta época enfrentava muitos ataques de ambos os lados, mas, um grupo chamou mais atenção por suas heresias, eram os gnósticos. Havia vários mestres gnósticos e todos com pensamentos distintos, mas uma coisa em comum diziam ter recebido (gnosis) conhecimento do próprio Cristo e dos apóstolos.

De todas as diversas interpretações² do cristianismo que apareceram no século II nenhuma esteve tão perto de triunfar, como o gnosticismo. Foi um movimento que surgiu dentro e fora do cristianismo. O termo “gnosticismo” vem da palavra grega “gnosis” que quer dizer “conhecimento”.

O movimento gnóstico criam² que tudo que fosse matéria era necessariamente mau. O ser humano, segundo eles, é um espirito eterno que, de algum modo, ficou encarcerado neste corpo. Já que o corpo é o cárcere do espirito, e oculta a nossa verdadeira natureza, o corpo é mau. O propósito último dos gnósticos é, então, escapar deste corpo e deste mundo material da qual estamos exilados.

Diziam eles; já que este mundo ²foi criado por um ser espiritual, ficaram nele algumas “centelhas” ou “faíscas” do espirito. Estes elementos espirituais são os que estão encerrados dentro dos corpos humanos, e que é necessário libertar. A fim de chegar a essa libertação, é necessário que venha um mensageiro do reino espiritual. A função desse mensageiro consiste antes de tudo despertar-nos de nosso “sono”.

É necessário que alguém vem de fora para nos despertar e nos recordar quem somos e assim lutarmos contra o encarceramento do corpo. Este mensageiro então nos dará a “gnosis” que estava em oculto para nossa libertação.

No gnosticismo cristão, o mensageiro² é Cristo, e também os apóstolos, que trazem revelações que estavam em oculto. Já que Cristo era um mensageiro celestial, e já que o corpo e a matéria são maus, a maioria dos gnósticos cristãos pensavam que Cristo não podia ter tido um corpo como o nosso. Alguns diziam que seu corpo era pura aparência, uma espécie de fantasma que parecia ter corpo físico por meios milagrosos. Outros diziam que tinha corpo, mas que este corpo foi feito de uma “matéria espiritual” distinta do nosso corpo. A maioria negavam o nascimento de Jesus, pois tão nascimento o havia colocado sob o poder deste mundo material. Estas doutrina acerca do salvador recebem o nome de “docetismo” de uma palavra grega que quer dizer “aparentar”.
Ireneu começa a ficar em evidencia refutando os falsos ensinos gnosticos.

      Muito pouco se conhece sobre a vida de Ireneu.  Ele aparece pela primeira vez nos documentos antigos como o portador de uma carta dos confessores de Lyon para a Igreja de Roma (bispo Eleutério, c.174-189), na época da perseguição do ano 177.  Esta carta pedia tolerância para os montanistas da Ásia Menor.  Em uma carta pessoal preservada por Eusébio de Cesaréia (Hist. eccl. 5,20,4-8), Ireneu conta que tinha vívidas lembranças de Policarpo, o bispo de Esmirna, que fora discípulo do apóstolo João.  Isto era altamente significativo para Ireneu, uma vez que Policarpo o colocava em contato com a era apostólica.  Ireneu nasceu entre os anos 120 e 140 na Ásia Menor, provavelmente em Esmirna, onde ainda menino conheceu Policarpo, que foi martirizado aos 86 anos de idade no ano 155.

Não se sabe o dia de sua morte, mais uma coisa é certa ele contribuiu para o cristianismo, quando refutou os perigosos ensinos gnósticos.

A obra maior de Ireneu chama-se “contra as heresias” (Adversus haereses) um conjunto de cinco livros, que era também a maior obra da época. Foi achado um tratado apologético em 1904 na versão armênia e publicado pela primeira vez em 1907. Há também outros escritos que foram preservados por Eusébio de Cesaréia, mas não passam de fragmentos ou somente títulos. 

Deixo aqui um versículo de I João 4.2 que diz; Nisto conhecereis o espirito de Deus: todo espirito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;

João prossegue dizendo que quem é de Deus vence os falsos profetas e estes falsos profetas falam da parte do mundo, portanto o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos o espirito da verdade e o espirito do erro.
Graça e paz!




¹ O cristianismo através dos séculos (Earle E. Cairns)
² Historia ilustrada do cristianismo (Justo González)
³ Instituto Mackenzie (site) 

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