O ascetismo em nossos dias
Por Gilberto
Lima
A palavra de
Deus aos colossenses 2. 20-23 dita pelo apostolo Paulo ressoa prolongadamente
ainda em nossos dias. Ao mesmo tempo que o liberalismo teológico ronda a igreja
querendo a matar, líderes corrompidos de pouco a pouco inculcam essa inverdade.
A igreja de Deus precisa estar atenta a este desiquilíbrio teológico, mas
precisa estar atenta também aos exageros do ascetismo religioso, do legalismo
que falsamente mostra santidade.
No oriente Antônio
(250 – 356) é geralmente visto como o fundador do monasticismo. Aos vinte anos
de idade, ele vendeu seus bens, deu dinheiro aos pobres e se retirou para uma solitária
caverna no Egito para levar uma vida de meditação. Sua vida de¹ santidade deu
lhe tamanha reputação que outros passaram a viver perto dele em outras
cavernas. Como nunca organizou esses seguidores numa comunidade, cada um
praticava a vida ascética de um eremita dentro de sua própria caverna.
O líder inconteste
do monasticismo ocidental foi Bento de Núrsia (480 – 543). Chocado com a vida
pecaminosa de Roma, ele se retirou pra viver como eremita numa caverna nas
montanhas orientais de Roma, por volta do ano 500. Em 529, fundou o mosteiro de
monte Cassino, que permaneceu em atividade até a segunda guerra mundial, quando
foi bombardeado. Logo, vários mosteiros estavam sob sua liderança, seguindo seu
plano de organização, trabalho e culto, isto é, seguindo as regras de sua
ordem. Cada mosteiro era considerado uma¹ unidade auto-suficiente e autodirigida,
como uma guarnição de Cristo. O dia era dividido em período no quais leitura,
adoração e trabalho tinham papel importante. Os regulamentos que ele elaborou
previam pouca alimentação para os monges, mas permitiam fartura de peixe,
azeite, manteiga, pão, vegetais e frutas em sua dieta. Essa ordem, que ensinava
a pobreza, a castidade e a obediência, constituiu-se numa das mais importantes ordem
da idade Média. Levada à Inglaterra, Alemanha e França no século VII, tornou se
universal ao tempo de Carlos Magno. Foi a ordem-padrão no ocidente por volta do
ano 1.000.
Dentro de mosteiro
ou não sempre existia exageros, e que exageros diga se de passagem! Existiam anacoretas
pessoas que viviam afastadas de tudo, longe da sociedade, outro grupo conhecido
como cenobíticos viviam isolado da sociedade, mas em mosteiros. Preciso ressaltar
que alguns monges viviam em contato com pessoas na questão de solidariedade e generosidade.
E muito, por exemplo que se aprendeu na agricultura vem desses monges em
mosteiros que aprendiam a forma do cultivo.
O anacoreta
se isolava do mundo e da sua política, se ausentando em um ascetismo inútil
muitas vezes. Eles viviam em torre, um deles conhecido como Simeão estilista
(390-459), depois de viver enterrado por vários meses, resolveu alcançar a
santidade assentando-se em numa estaca. Ele passou mais de trinta anos no topo
de uma coluna de dezoito metros, perto de Antioquia. Outros viviam no campo e pastavam como bois. Um
certo Amom conseguiu alguma fama de santidade por jamais ter se despido ou
tomado banho depois que se tornou eremita. Um outro andou nu nas proximidades
do monte Sinai durante 50 anos. Estes, entretanto, eram apenas a facção fanática
do movimento e eram encontrados mais no oriente do que no ocidente.
Entretanto,
muitos anos se passaram, mas, o ascetismo continua bem ativo em nossos dias. O ascetismo
é a religião que vira fanatismo, farisaísmo condenado por jesus em seus dias
aqui na terra, judaísmo ascético do tempo de Paulo, fanatismo asceta na época
medieval e agora em nossos dias legalismo destruidor, graça barata e ignorância
no cristianismo.
O povo erra
em não conhecer as escrituras, a ignorância tem tomado conta do cristianismo;
mais que cristianismo? É possível conhecer a Cristo sem conhecer sua graça? Porque
auto se flagelar o corpo? Porque jejuar tanto sem conhecer o verdadeiro jejum?
Primeiro quero
deixar bem claro que essa pratica de ascetismo e seus derivados nem sempre
tiveram presente no cristianismo, até porque cristianismo nunca ensinou isso,
portanto, é uma deturpação do santo evangelho de Deus. Mas quero viajar ao
antigo testamento no tempo por exemplo dos canaanitas que tinham seus deuses e sacrificavam seus próprios corpos, ofereciam seu filhos como sacrifício. Lembra
do profeta Elias quando pediu que fogo descesse para ascender o altar? Os profetas
de Baal também fizeram preces, quando o deus deles nada podia fazer, eles auto
se flagelaram, se cortando, se sacrificando. Elias não precisou fazer isso, pois
Deus ouviu sua oração. Não precisamos nos sacrificar como muitos tem feito por
aí, subindo monte de joelhos, subindo montanhas com galões de água nas costas,
dizendo que vão jejuar por você. Olha! Não é bem assim, fiquemos atentos a
palavra de Deus, Jesus disse que quando for jejuar não deixem que seus rostos
fiquem abatidos como se quisessem que os outros vissem que estivesse jejuando,
então ele pede pra lavar o rosto a fim de que os outros não vejam. Se fizermos
um voto não devemos tardar em cumprir, mas subir escadas de joelhos para pagar
promessas, andar de joelho nu ensanguentado por quilômetros e quilômetros, e
sempre que feito isso, tem uma câmera sempre mostrando, mas, Jesus disse o contrário,
quando fores orar, feche a porta de seu quarto e fale em secreto com Deus ele
te ouvirá e se quiser responderá suas suplicas.
Se morrestes com Cristo
para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêssemos no mundo, vos sujeitai
a ordenanças: não manuseeis isto, não proveis aquilo, não toque aqueloutro, segundo
os preceitos e doutrina dos homens? Pois que todas essas coisas, com o uso, se
destroem. Tais coisas, com efeito, tem aparência de sabedoria, como culto de si
mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não tem valor algum
contra a sensualidade. (Colossenses 2.20-23)
O Rev. Hernandes
Dias Lopes afirma; O apostolo Paulo sintetiza o ascetismo em três proibições:
não manuseies, não proves, e não toques. Embora ²devemos cuidar do nosso corpo
como templo do espirito e trata-lo com disciplina para não sermos
desqualificados. O ascetismo é uma falácia. Ele é fruto do entendimento errado
da filosofia grega. É enganosa a ideia de que a matéria é má e de que, sendo o
nosso corpo matéria, ele precisa ser castigado e privado dos prazeres. O nosso
corpo, protege-o, sustenta-o, salva-o e o glorificará.
Willian Hendriksen
diz; em vez do ascetismo² ser um remédio contra a satisfação dos desejos da
carne, os fomenta e os promove. Porque isso? O verso 20 diz que nós morremos com
Cristo e para os rudimentos do mundo, morrer para o mundo é morrer para o
pecado. Então porque estamos sujeitos as ordenanças de homens sujeitando seus
preceitos e suas doutrinas? Homens que dizem não façam isso, não provem aquilo,
não manuseeis aqueloutro, essas coisas com o uso se destroem, tais coisas com
efeitos tem aparência de sabedoria, mais no fundo é culto a si mesmo e tá cheio
de falsa humildade. Isso nada mais é que ascetismo. Muitas igrejas querem e se
preocupam tanto com uso e costumes, mas não se preocupam com o que está sendo
pregado em seus púlpitos, não se preocupam com o ensino. A vida que jesus nos
deu foi pra viver prazerosamente, tudo feito com ação de graças podemos comer
porque quem santifica é Deus. Não é meu modo de viver que vai dizer quem eu
sou, mas meu caráter diante de uma geração corrompida. Portanto, não permitam que
ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma
festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado.
Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.
Colossenses 2:16,17
Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.
Colossenses 2:16,17
O perigo desse ascetismo é a falsidade, quando o
religioso se põe em um grau de santidade, em que ele acha que santidade estar no
modo de comer, beber ou se vestir ele começa a fazer julgamento em seu coração
acerca de determinada pessoa, irmão e parente. A nossa circuncisão não estar na
aparência e sim no coração, na aparência é obra da carne, no coração é o
Espirito Santo que opera e faz a obra.
O legalismo nos tira as coisa da criação a qual Deus nos
deu para que vivêssemos prazerosamente, devemos aproveitar a criação com
simplicidade sempre agradecendo a Deus. Cada país tem sua cultura no modo de se
vestir, beber e comer. Há pessoas que morrem de vontade de praticar esporte,
mas não fazem porque acham pecado, e o benefício do exercício onde fica? Tem pessoas
que morrem de vontade de ir no mar tomar um banho, só não vão porque se sentem envergonhado
porque o legalismo não deixa ao menos colocar um traje de banho descente. Em cristo
morremos para os rudimentos do mundo, morremos para o pecado, devemos sempre
lutar pela família e seus valores. Deus não nos chamou pra vivermos como
anacoretas, longe da sociedade, porque valores e princípios partem do
cristianismo, esses valores só vão adiante quando o cristianismo é infiltrado
dentro da sociedade. A igreja, o povo que vive isolado não progride, a religião
que se isola é seita. Mas nós somos o corpo de Cristo vivendo no mundo, mas
ainda não fomos retirados dele. Portanto caminhemos pregando e vivendo o
evangelho de Cristo vivendo e desfrutando da criação de Deus.
Fico com as palavras do Rev. Hernandes Dias Lopes em seu
livro o comentário sobre colossenses;
Novamente podemos ouvir o eco da palavra de Cristo aos
fariseus: “Hipócritas! Bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo: este
povo honra-me ²com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me
adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mt.15.7-9) Há pessoas
que relativizam a palavra de Deus e absolutizam regras e preceitos humanos. Os usos
e costumes tornam se mais importantes do que as escrituras”.
O ascetismo tem aparência de sabedoria e humildade, mas
não tem valor algum diante de Deus. É um sacrifício inútil. É um culto de si
mesmo, uma² religião feita para si mesmo. Tem uma piedade falsa e fingida.
Tratava-se de uma inovação barata, de fabricação própria, de um culto
falsificado. Ele não tem valor espiritual nenhum. É um engano. Não torna ninguém
mais santo. Paulo diz que as regras rigorosas dos ascetas “não tem valor algum
contra a sensualidade” (Col. 2.23). Nenhum amontoado de regras religiosas pode
mudar o coração do homem. Somente o Espirito santo pode fazê-lo.
¹ o cristianismo através dos séculos - Earle E. Cairns,
pag. 130, 131 e 132
² Colossenses-Hernandes Dias Lopes- pag. 153, 154 e 155